O Família 18 é ponto de referência para cerca de 40 famílias na comunidade do Morro do 18, em Piedade. Trabalhando com quatro grandes eixos: educação, cultura, meio ambiente e valorização da família, Lucas Prates, 27 anos, nos conta um pouco sobre como começou a história da ONG iniciada por sua mãe, Tânia Prates, que faleceu há pouco mais de 1 ano, e as lutas para manter e expandir suas ideias.

Foto: Ana avelar

“Eu tinha que me fazer de super homem. Eu comecei a fazer faculdade um mês depois do falecimento da minha mãe. Então foi um desafio: fazer faculdade à noite, assumir a ONG e tocar as atividades de dia”, explica.

O projeto social surgiu com a mudança da família do Riachuelo para o Morro do 18 e se deparando com todas os problemas encontrados ali: a ladeira, as dificuldades de acesso à educação, saúde e serviços públicos em geral. “Minha mãe teve a brilhante ideia de começar alguma coisa aqui em casa depois de um jogo de bingo em que constatou que quase ninguém sabia os números de 0 a 10”, conta Lucas.

Durante dois anos, Tânia deu aulas de alfabetização em casa e somente em 2015, o projeto foi formalizado com documentação e a inauguração da sede. O trabalho foi ganhando força na comunidade através do boca a boca e do acompanhamento das crianças assistidas pelo projeto: “a gente sempre procurou ter tudo certinho, como autorização dos pais, verificação da caderneta de vacinação e da matrícula na escola.”

E assim o projeto foi crescendo e expandiu a atuação também para os pais, ajudando em tudo o que eles precisam, servindo como um centro de apoio às famílias em vulnerabilidade social.

Atividades

Atualmente, o Família 18 oferece aulas de alfabetização para jovens e adultos aos sábados e reforço escolar para as crianças às terças e quintas, incluindo refeição integral. O trabalho é reforçado com a vasta biblioteca que ocupa uma das salas da sede e de onde os assistidos podem pegar livros emprestados e realizar pesquisas.

Outro eixo de atuação é com o grupo de adolescentes, onde são debatidos diferentes assuntos do dia a dia deles e a realização de oficinas voltadas para a capacitação para o mercado de trabalho.Dentre os assuntos debatidos está a saúde, feito por meio do “Rap da Saúde” programa da secretaria municipal da saúde que orienta jovens e os capacita na promoção da saúde. O projeto interno é tocado por Paula, 17 anos, irmã de Lucas. “Eu ajudo meu irmão nas festas aqui e ajudo na área da promoção da saúde junto com mais duas meninas aqui e na clínica da saúde. A gente faz esquetes e dá palestras. A gente prefere esquetes, porque abrange um público maior”, nos conta Paula.

Com os jovens também são realizados passeios culturais para museus, cachoeiras, praias e para conhecer o entorno. “Temos grandes centros culturais aqui perto que às vezes não são explorados: museu olímpico, nave do conhecimento, museu do trem e também fazemos trilha com eles”.

As trilhas ecológicas e o meio ambiente são o terceiro campo de atuação da ONG. Quando vão realizar trilhas no entorno, é feito um trabalho de conscientização com os jovens através do conhecimento da história local e do ensino sobre manejo da mata e preservação, manejo que é realizado por eles mesmos.

No campo de valorização do indivíduo e da família, o projeto realiza a festa de aniversariantes do mês em sua sede para crianças e adultos, além de oficinas variadas de artesanato.

Dentre as oficinas que oferecem para integração dos idosos e fortalecimento da renda de mães, estão as de fuxico e a de bonecas abayomi, de matriz africana. As bonecas são confeccionadas com retalhos de pano, apenas com amarrações. A atividade começou com Tânia que ensinou as mães o ofício, mas não foi fácil “por mais que seja uma cultura semelhante à nossa, negra, ela foi encarada como vodu no início”, afirma Lucas. Essa foi mais uma oportunidade de trabalhar as diferenças e abrir o horizonte das famílias assistidas.

Futuro

Umas das grandes dificuldades para expansão do projeto é conseguir voluntários: “Quando é um projeto numa rua acessível, todo mundo vai, mas quando é dentro da comunidade e no alto dela, já é mais complicado, né?”, lamenta Lucas. O maior número de voluntários é de dentro da comunidade que são as mães e alguns pais que participam, ajudando na manutenção e alimentação. Mas nas atividades voltadas para pedagogia e administração a ajuda externa é necessária.

E uma delas é Ana Reis, voluntária do projeto, vinda do Dias das Boas Ações, em abril. “Eu conheci o trabalho do Família 18 no DBA e quando soube que eles atuavam em Piedade, me interessei, porque fui criada lá. Hoje venho uma vez por semana e atualmente, estamos numa conversa para eu ajudar no planejamento de 2019”. Ana também atua na captação de recursos e voluntários para o projeto.

O projeto precisa de apoio financeiro para se manter e poder fazer ações. Ainda passa por dificuldades, mas já começa a gerar transformação: os jovens buscam conhecimento, e hoje possuem uma nova perspectiva de vida para eles. “A gente vê as crianças falando ‘Olha tio Lucas, eu vou crescer e ser professor de educação física para ajudar no projeto’, e isso me dá forças para seguir trabalhando“, completa Lucas.


Ficou interessado(a)? Acesse o site do projeto e saiba mais em: https://projetosocialfamilia18.negocio.site/

Também fica ligado na página da ONG no site do Atados e nas vagas para trabalho voluntário \o/

Quer ver as fotos desse lindo projeto, pelo olhar fotógrafa Ana Avelar ? Então, clica aqui!