Texto por Noemi Zonta e fotos por Geovanna Luvian, voluntárias do projeto Comunicadores São Paulo (2019).


Furadeira, chave de fenda e alicate são coisas de homem, certo? Errado! 

A Mana Manutenção desde 2015 vem quebrando esse estereótipo e empoderando mulheres para desenvolverem atividades consideradas pertencentes ao universo masculino.

Com mais de cinco mil atendimentos realizados, a ONG presta serviços de hidráulica, elétrica, pintura, pequenas instalações e reformas, que são oferecidos apenas para clientes mulheres. A Mana Manutenção também tem papel de agente transformador na vida das mulheres que já passaram pela ONG ou que ainda fazem parte dela.

“As mudanças que a gente fez na vida das manas que já trabalharam com a gente foram enormes. A gente fez muita diferença na vida de cada uma delas. Teve mulher que conseguiu sair da violência doméstica por causa da Mana, teve mulher que conseguiu adquirir dinheiro para viver melhor em relação a situação que estava antes, teve mulher que conseguiu entender sua identidade e se reconhecer como homem. A parte social para mim é absurdamente gratificante, conta a sócia Katherine Pavloski.

Vanessa Lemes, Renata Gomes, Lilian Moraes, Thais Saavedra e Erica Modesto completam o time das manas, que trabalham junto com ela. 

“Pra mim é uma realização pessoal e profissional porque eu sou arquiteta. Conseguir trabalhar num espaço onde eu sou respeitada não existe palavras. Quando eu trabalhava com obras era algo absurdo, é um ambiente muito masculino”, lembra Katherine, que atualmente está à frente da ONG e é responsável pelo gerenciamento dos trabalhos.

A Mana Manutenção também atua no segmento de qualificação de mão de obra dedicada exclusivamente para mulheres. A ONG leciona workshops com duração de seis horas cada módulo, que englobam ensinamentos práticos e teóricos sobre elétrica, hidráulica, pintura e uso básico de ferramentas. 

Já os cursos de capacitação são mais intensivos e possuem duração de duas semanas a um mês. Eles abordam temas sobre elétrica, hidráulica, pintura, assentamento, pequenos reparos, primeiro socorros e empreendedorismo.

As duas categorias permitem que mulheres que nunca tiveram contato com serviços de manutenção aprendam a desenvolvê-los na prática. No mês de agosto a Mana visitou seis Casas de Cultura na cidade de São Paulo, localizadas nos bairros de Diadema, Capão Redondo, Jardim São Luis, Vila Nova Cachoeirinha, Jaçanã e Brasilândia. A ONG apresentou o workshop de elétrica básica, que permite que mulheres aprendam o que é elétrica e como ela chega na residência das pessoas, como funciona o quadro de distribuição e como fazer manutenção de tomadas, luminárias, instalação de chuveiros e troca de resistência.

“As meninas se interessam pelo workshop em busca de autonomia para fazerem as coisas em casa, porque o marido nunca faz. Muitas delas são mães solo e não tem com quem contar. Também tem muitas filhas fazendo o curso, meninas jovens, que estão buscando aprendizado para ajudar as mães”, explica Katherine. 

A equipe da Mana além de fornecer capacitação também busca sempre se atualizar sobre novas técnicas. A ONG faz parcerias com diversas instituições e marcas, que oferecem treinamento gratuito para as funcionárias. 

“A maior problemática da Mana é encontrar mão de obra qualificada. Essa é uma das dificuldades em ampliar o nosso time. Por isso, temos o papel também de ensinar as mulheres que querem virar manas. Acreditamos que o conhecimento deve ser multiplicado!”, afirma.

Seguindo esse ideal, a Mana também busca fortalecimento com outras ONGs, que trabalham no mesmo segmento. Mulher em Construção, fundada pela Bia Kern, é uma delas. 

“Mulher em Construção oferece cursos na área de construção civil para mulheres conseguirem se recolocarem no mercado de trabalho. A gente sempre conversa com a Bia e acreditamos que virão coisas boas por aí”, adianta Katherine.

Para os próximos anos, Katherine tem planos de consolidar uma equipe capacitada, estável e multifuncional, que consiga fazer uma obra grande. “Daqui a cinco anos eu queria ter três equipes com dez pessoas. Meninas que multipliquem o conhecimento, que consigam fazer o treinamento de campo, que hoje é realizado apenas por mim.” 

E em 2019, completando quatro anos de existência, a ONG  segue incentivando o empoderamento feminino. Estimulando mulheres a acreditarem no próprio potencial e a ganharem autonomia e confiança. Desconstruindo padrões sociais e preconceitos enraizados na sociedade. E, acima de tudo, encorajando mulheres a ocuparem o lugar onde elas desejam estar!


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