Arlete é mãe de Samantha e conheceu a ONG Beija-Flores Solidários há quatro anos, a convite de uma amiga. Na ação seguinte, que celebrava o Dia das Crianças, ela voltou e trouxe a sua filha para participar também. Para Samantha, essa foi uma experiência inesquecível: “me apaixonei completamente e, depois disso, isso meio que grudou em mim, entendeu? Não largo de jeito nenhum, é uma coisa muito apaixonante, é um trabalho muito gratificante!”.  

Hoje, mãe e filha participam do projeto Beija-Flores Solidários, principal atividade desenvolvida pela ONG, quando os voluntários se reúnem uma vez por mês para preparar refeições e distribuí-las a moradores de rua, além de entregar a eles roupas, água e produtos de higiene pessoal. Elas também organizam o evento do Dia das Crianças e visitam asilos e orfanatos, levando toda a família junto.

Para Samantha, “depois que a gente começa a participar dessas atividades, a gente começa a enxergar o morador de rua. Porque é diferente de você passar e ver ele lá, deitado no chão. Você começa a enxergar que ele também precisa do que a gente precisa, que ele também é um ser humano igual a gente”.

Agora em setembro, a ONG, a partir de uma campanha crowdfunding, conseguiu obter os recursos necessários para finalizar a reforma na nova sede, que fica na Vila Matilde. Com isso, é possível que Samantha dê aulas de inglês, sendo instrutora em um dos muitos cursos que serão oferecidos à comunidade a partir de fevereiro de 2018.

Morando em Guaianases, elas levam cerca de uma hora para chegar à sede ou à Igreja Basílica da Penha. Dentre suas atividades, o que elas mais gostam é de ir para a rua: “o trabalho de rua, o contato com o cara, para ele sentir que você está vendo ele, que você está trocando uma ideia com ele, é muito bom! E se o cara vier te dar um abraço, você dá um abraço! Isso é de coração, e é isso que é bacana!”, conta Arlete, entusiasmada.

Para ela, o voluntariado “é um trabalho muito gratificante, que enobrece. É um trabalho feito de muito coração. Afinal, para a pessoa acordar cedo no sábado, depois de uma semana inteira de trabalho… você tem que vir com o coração aberto, pra poder fazer a coisa acontecer”, conclui.

Já Eustáquio Josemir atua como voluntário há cerca de quatro anos, e é aposentado. Economista, trabalhava na administração da Igreja de Santana, mas está desempregado desde dezembro do ano passado. Uma vez por mês ele participa da distribuição de refeições e leva quadros e caixinhas de madeira, que ele mesmo pinta, para o bazar beneficente: “você sai de casa down e você vai embora feliz de ver esse trabalho”.

Eustáquio é pai de três filhos homens, que têm pés fincados nas artes visuais, sendo dois tatuadores – um de seus filhos foi quem fez a tatuagem que exibe com orgulho em seu braço esquerdo. Hoje, sua principal atividade é pintar quadros e caixinhas de madeira, em seu apartamento, na Casa Verde. Ele conta que começou a pintar quando criança, e que a partir de 1990 passou a fazer parte da Associação Paulista de Belas Artes.  Inquieto, tem procurado formas de vender e divulgar o seu trabalho, e vem pensando em dar aulas de aquarela em domicílio. Alguém interessado em aprender aquarela? Por enquanto, ele ajuda no Bazar e em outras atividades administrativas do Beija-Flores.

Texto da voluntária Heloisa Hernandez e fotos da voluntária Sofia Calabria y Carnero para o projeto Comunicadores Atados