Recentemente li sobre um projeto de museu que permite que os visitantes se coloquem no lugar de outras pessoas e vejam o mundo através dos olhos delas. Imediatamente fiz uma conexão entre esse museu e o Apanhadores de Histórias, projeto que deu origem a este texto.
O que nós queremos nessas poucas linhas é dar espaço e visibilidade para histórias inspiradoras, ao passo que criamos em nós, voluntários, uma espécie de laço de empatia e nos inspiramos com encontros como o de Dona Laura e Andréa. Pessoas de rotinas bem diferentes que viram uma amizade nascer por meio de uma troca de cartas. E nos contaram, de mãos dadas, a história do Carta & Livro, na Casa dos Velhinhos.
Dona Laura é uma das idosas atendidas pela Casa dos Velhinhos Ondina Lobo. Sua rotina ganhou novas cores com a chegada de Daniel, Andréa e o projeto Carta & Livro. “Toda semana nós trocávamos cartas. A carta dela chegava para mim, eu respondia e depois tinha um dia da semana que chegava outra. Ela perguntava muito da minha vida e eu perguntava da dela… a história dela e o que ela gostava de fazer.” contou Andréa, que é diretora da Pfzier.
“Eu aprendi muita coisa com o que a Andréa me escrevia. Foi maravilhoso. Aprendi a ser mais forte. Eu estava muito carente, tinha feito aquela operação das vistas e passei por quatro AVCs. Estava fraca e foi importante essa troca de cartas. Para mim, foi gratificante!”
Foram alguns meses de trocas para enfim se conhecerem pessoalmente. A festa promovida pelo Atados teve um tom de brincadeira e, como elas não puderam trocar fotos junto com as cartas, tiveram que adivinhar quem eram suas correspondentes com as características que eram faladas. “Nós passamos a tarde aqui. Fomos dar uma volta e a Dona Laura me mostrou seu quarto, a horta, o ateliê do Seu Milton, a capelinha…”
A carta cumpriu seu papel e a festa da troca foi um novo capítulo no livro da Casa dos Velhinhos. A equipe do Atados registrou cada momento em fotos no estilo polaroid. Dona Laura, que não conhecia essa tecnologia ficou animadíssima e me contou assim: “Bárbara, teve uma foto tão linda desse dia, era assim: ele te dava a fotinha assim e ela vinha em branco pra gente e depois ia transformando. Foi legal demais. Isso ficou no coração!”
Por um momento ficamos de fora, como ouvintes, observando o desfecho desse encontro e a importância do projeto:
“Eu acho que a gente aprende uma com a outra. Eu também aprendi muito com a Dona Laura. Essa é a primeira vez, em dois meses, que nos encontramos de novo. Foi muito bom! Eu preciso trazer minha mãe, que tem a mesma idade dela. Eu prometi, que traria ela e minhas filhas para te conhecer.”
“Traz mesmo, Andréa! E vem mais vezes, porque agora nos somos amigas!”
Corresponder-se é troca. É dedicar seu tempo e atenção para novas histórias, conversas e pessoas. Escreva você também.
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