A pandemia afetou as organizações sociais de diversas formas. Perda de apoio financeiro, paralisação de suas atividades, necessidade de realizar ações emergenciais (como entrega de cestas básicas e kits de higiene) ou precisando adaptá-las para modo online.
Além do desafio de migrar para uma nova ferramenta (virtual), sem perder a qualidade de seu trabalho, muitas organizações atendem um público que não têm acesso à internet.
Nossas parceiras e parceiros estão na luta todos os dias e nesse momento atuando para minimizar os impactos da COVID-19 e apoiando milhares de pessoas que se encontram em uma situação de vulnerabilidade social – seja pela perda de vidas, desemprego, fome e falta de apoio do estado e de políticas públicas.
Os desafios são muitos, mas as reformulações, transformações e o apoio também são diversos. Os projetos estão aprendendo a usar novas ferramentas, aproveitando o momento para se reestruturarem, contando com apoio de voluntários, se conectando com outros projetos, entre outras formas.
Este também é um momento em que essas pessoas têm se encontrado e unido esforços criando uma rede de apoio. Pensando nesse constante apoio, onde podemos trocar informações, ensinamentos, compartilhar desafios e dores, nós promovemos o Conectados, nosso primeiro encontro nacional para ONGs da nossa rede de forma online.
O encontro se deu no dia 6 de agosto e juntou mais de 55 participantes representando 47 organizações, de mais de 5 estados do Brasil e que atuam em diversas causas sociais.
Agradecemos imensamente à todas as ONGs que participaram do nosso encontro! Parabenizamos todas e todos que estão na linha de frente lutando pela garantia dos direitos.
Como estão atuando em tempos de pandemia?
Principais formas de atuação em tempos de pandemia compartilhadas pelas organizações presentes no encontro:
1) Ações emergenciais
Muitas organizações começaram a fazer entrega de cestas básicas, roupas, cobertores, materiais de higiene, etc…Passando a atuar de forma ampliada, beneficiando não apenas o seu público alvo, como também a família toda ou a comunidade de seu entorno. E também passando a fazer um apoio assistencial para famílias/pessoas em situação de vulnerabilidade.
Além de mudar sua forma de atuação, as organizações relataram os desafios de cuidado em relação a pandemia, higienização dos materiais, o uso de máscaras, luvas, álcool em gel e atenção e cuidado com os(as) voluntários(as) da linha de frente.
Aumento de doações: algumas instituições relataram uma maior mobilização de doadores, aumento de arrecadação de doações de pessoas físicas e parcerias.
“Começaram fazendo uma campanha de arrecadação de água, porque era uma demanda do território. Fizeram uma campanha de arrecadação e conseguiram 30 mil reias. Conseguiram 1500 cartões com a Gerando Falcões. Durante esse período fizeram estavam fazendo um curso de gestão pra organização e conseguiram se regulamentar legalmente.“
Cintia Santana – Instituto Entre o Céu e a Favela (RJ)
2) Apoio emocional
As instituições tiveram que suspender atendimentos psicológicos presenciais e passaram a desenvolver atendimento psicológico à distância, buscar formas de acolhimento online. A Coletiva de Mulheres Negras de Abayomi abriu vaga de psicólogo(a) voluntário à distância no Atados e agora as mulheres da linha de frente da coletiva estão fazendo terapia online e gratuita, fundamental para quem trabalha constantemente com os impactos da pandemia e famílias em situação de vulnerabilidade social.
3) Atividades online
De alguma forma todas as instituições presentes estão passando por esse processo de adaptação, de atividades que eram presenciais pararem de acontecer ou se transformarem em formas online de atuação. Formas que foram compartilhadas:
- Palestras por whatsapp;
- Fortalecimento de grupo de whatsapp que já estava aberto, mas não ativo;
- Aulas online de práticas esportivas;
- Grupos de atendimento totalmente virtual;
- Jogos e brincadeiras online.
Muitos começaram as atividades online por causa da pandemia e vão continuar atuando dessa forma após também, descobrindo assim uma nova ferramenta para somar ao trabalho que era feito antes da pandemia.
4) Gestão organizacional
As organizações também aproveitaram esse momento para “cuidar da casa”, colocando processos organizacionais em ordem durante a suspensão de atividades presenciais. Formas de cuidado que as organizações compartilharam:
- Aulas de consultoria online para aprender como se adaptar às novas formas de atuação e tecnologias;
- Mentoria do Projeto Voa incentivando atuação online e migrando tecnologias online para escolas;
- Participação em cursos sobre gestão organizacional;
- Regulamentação da Organização (formalização);
- Reformulando site e comunicação institucional;
- Consultoria de compliance.
5) Fortalecimento de rede
Muitas organizações se uniram, tanto para arrecadar doações, como também para fazer a distribuição de forma mais produtiva. Esse movimento trouxe um fortalecimento da rede de organizações sociais da mesma região/causa.
6) Voluntariado
Diferentes experiências com o voluntariado durante a pandemia, algumas organizações diminuíram a sua equipe, outras aumentaram. Voluntários(as) atuando presencialmente em ações emergenciais, com todos os cuidados necessários, e muitos atuando à distância em atividades de gestão, captação de recursos, comunicação, apoio emocional e muito mais.
Formas de mobilização, gestão e atuação de voluntários que foram compartilhadas
- Mobilizaram voluntários através do Atados (www.atados.com.br);
- Criaram uma central de voluntariado online (vídeos p/ idosos, campanha de doação de sangue);
- Desenvolveram uma cartilha sobre como trabalhar com voluntário à distância;
- Voluntários: estão ajudando na parte de redes sociais para comunicar as lives, fazendo o logo e ajudando na arrecadação de dinheiro;
- Os voluntários estão bem presentes no instituto e estão aumentando as conexões/parcerias que estão vindo de outras formas;
- Criaram a mentoria online e fizeram contato e conseguiram incluir mais voluntários;
- Estão fazendo lives com voluntários;
- Voluntários estão suprindo essa necessidade do auxílio emergencial e das doações. Muitos estavam fazendo a distribuição das máscaras e a orientação de como usar;
- Voluntariado cresceu muito na pandemia – a visibilidade da instituição aumentou e as parcerias também;
- Pediatras e Ginecos voluntários(as) estão atendendo por telefone;
- Voluntários ajudaram a abrir uma padaria para gerar renda para o projeto;
- Obstetras irão começar a fazer atendimento a mães pagantes – parto humanizado em casa – para voltar dinheiro à instituição e para evitar o risco de ir ao hospital;
- Estão formando voluntários que ensinem a todos como usar essa parte tecnológica;
- Eles(as) estão sendo essenciais na parte de divulgação – não estão atuando presencialmente mas a rede dos voluntários que está garantindo as doações.
Dificuldades com o voluntariado na pandemia
- Falta de voluntários para áreas mais específicas;
- Alguns projetos perderam todos os voluntários. Tinham capacitado todo mundo no começo do ano e perderam absolutamente todos.
Dificuldades/desafios da atuação em tempos de pandemia
Essas foram as 6 principais formas de atuação citadas pelas organizações participantes, que também compartilharam os seus desafios e superações da atuação em tempos de pandemia:
- Ficaram muito perdidos na pandemia;
- Sem financiamento / corte de recursos;
- Famílias com dificuldade de acesso à internet para realizar atividades online;
- Dificuldade em captar recursos;
- Processo de adaptação das aulas online, tanto dos alunos como dos professores;
- Dificuldade de contato: tanto com outras ONGs, muitas estão fechadas, como também com os beneficiários sem acesso à internet.
Superações
- Financiamento de internet para famílias atendidas pela organização;
- Forma de atuação ampliada, doações que não beneficiam apenas o público atendido pelas organizações, mas também suas famílias e comunidade do entorno.
Destaque de casos compartilhados
“Por estarem em uma área de risco, estão com dificuldades na arrecadação de doações, mas fizeram uma parceria com a Tia Stellinha (1000 máscaras).”
Erica – Projeto Nova História (RJ)
“Começaram fazendo uma campanha de arrecadação de água, porque era uma demanda do território. Fizeram uma campanha de arrecadação e conseguiram 30 mil reais. Conseguiram 1500 cartões com a Gerando Falcões. Durante esse período fizeram estavam fazendo um curso de gestão pra organização e conseguiram se regulamentar legalmente.“
Cintia Santana – Instituto Entre o Céu e a Favela (RJ)
“Voluntariado cresceu muito na pandemia – a visibilidade da instituição aumentou e as parcerias também.Pediatras e Ginecos estão atendendo por telefone; voluntários ajudaram a abrir uma padaria para gerar renda para o projeto – vão fazer biscoitos, pães. Obstetras irão começar a fazer atendimento a mães pagantes – parto humanizado em casa – para voltar dinheiro à instituição e para evitar o risco de ir ao hospital.”
Wanda Grecco – Associação Materna – São Paulo (SP)
“Voluntários estão ajudando na parte de redes sociais para comunicar as lives, fazendo o logo e ajudando na arrecadação de dinheiro.”
Gicelia Barros – Biblioteca Sete de Abril – Salvador (BA)
Como estão se organizando para retorno das atividades pós pandemia?
Muitas organizações relataram que ainda não pensam em voltar a atuar presencialmente, por conta dos altos números de casos de covid-19 em suas cidades/estados. A possibilidade de voltar a atuação presencial está sendo cogitada para 2021, pela maioria das organizações. Algumas mesmo sem previsão de volta já se organizaram internamente para quando esse retorno ocorrer.
Desafios de continuar atuação online
- Lidar com esses vínculos familiares;
- Muitas mães trabalham de forma autônoma e as crianças estão ficando sozinhas;
- As crianças não estão conseguindo lidar com as aulas remotas
Adaptações para continuar mais tempo com atuação online
- Se preparar para manter o trabalho online, com novas ferramentas: link que cai em um canal do whatsapp onde os estudantes podem tirar dúvidas;
- Fazer consultoria virtual com elementos de game (jogo/gincana) e premiação no final;
- Psicóloga(o) para auxiliar a equipe, para apoio emocional;
- Pensar em cenários: fazer grupos menores de crianças por dia e outros formatos, para garantir a segurança dos atendidos e da equipe.
ONGs participantes:
Projeto Nova História
Casa Hacker
Litro de Luz Brasil
Arena Cultural Idalina Souza Projeto Semeando Axé
Associação PiPA
Abre-te – Associação Brasileira de Síndrome de Rett
Pretas Ruas
Associação Amazilia (Instituto Amazilia)
Instituição União Solidária
Associação de Mulheres do Parque Horácio
Coletiva de Mulheres Negras Abayomi
Universidade Livre do Esporte do Paraná
SOS Encurralados
Ponto de Cultura Tia Gê
Refúgio Betesda
Instituto Clelia Angelon
Mensageiros da Esperança
GACC Sergipe
Associação Beneficente Renascer
Instituto ProbEM – Esclerose Múltipla
Observatório Social do Brasil
Turma da Touca
APFCC
Instituto Entre o Céu e a Favela
Colégio Cruzeiro
Rio de Janeiro de mãos dadas pela paz servindo em amor/ONG Alfa
CVU
Biblioteca de Aulas
Instituto Floriano Peçanha dos Santos
CRAS Carlos Drummond de Andrade
Associação Escambo de Cultura
Anjos de Asas no Mundo Azul
Associação Vencer
Associação Materna
Instituto LAR
Obra Social Santa Cabrini
IDE Itapema Desenvolvendo Esperança
Projeto Bom na Bola Bom na Vida
Instituto Floriano Peçanha dos Santos
Ponto de Cultura Tia Gê
Movimento Moradia
APAM
Ass. Beneficente Cultural
Cruzando Histórias
CCIK
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