O Atados recebeu em março, o Prêmio Dandara, concedido a iniciativas e ativistas que contribuem diretamente para o empoderamento das mulheres nas mais diversas realidades. A cerimônia foi realizada de 11 às 16 horas no Espaço Criança Esperança, localizado na comunidade do Cantagalo, em Ipanema.

Mulheres da Asplande contam suas histórias com lambe-lambes espalhados pela cidade.

O Atados foi premiado pela parceria que realizou com a Organização Não Governamental (ONG) Asplande desde sua chegada ao Rio conectando voluntários à instituição. A Asplande trabalha para o fortalecimento das cooperativas populares formadas por mulheres empreendedoras do Rio de Janeiro. Além disso, o projeto Feminicidade que surgiu pelo Atados havia retratado as histórias de algumas das mulheres da ONG, que através do artesanato romperam com situações de violência. Essas trajetórias foram retratadas na ocupação de espaços públicos e contadas através de lambe-lambes.

“Elas são o tipo de mulher que queremos dar voz, são negras, periféricas, fortes e incríveis, então para nós é uma honra poder fazer que elas sejam ouvidas e visibilizadas”

Lolla representando o Atados e segurando o Prêmio Dandara.

Para a articuladora do Atados e representante da plataforma social na entrega do prêmio, Lolla Angelucci, o trabalho desenvolvido visa dar poder de voz às mulheres destacando o protagonismo delas na sociedade. “Elas são o tipo de mulher que queremos dar voz, são negras, periféricas, fortes e incríveis, então para nós é uma honra poder fazer que elas sejam ouvidas e visibilizadas”, destacou.

A distribuição dos prêmios foi emocionante ❤

Ela ainda aponta que o Atados atua nessa perspectiva de conectar pessoas, instituições e boas iniciativas que visam trazer sempre provocar uma mudança significativa a nível pessoal, bem como no mundo.

Tais mudanças podem ser observadas em mulheres como Cristiane Antunes. Mãe de uma criança que possui transtorno de desenvolvimento, além de ter sido diagnosticada ao final de 2015 com glaucoma, ela procurou no artesanato uma forma de encontrar um pouco de felicidade.

Através dos trabalhos manuais e dos momentos de interação na ONG, Antunes se descobriu vítima de violência doméstica, que estava tão socialmente naturalizada, que ela não conseguia perceber a gravidade da situação. “Nunca sofri agressão física, mas, era bombardeada de violência psicológica como ofensas e palavrões”, conta.

Depois dessa conscientização, ela decidiu não tolerar mais esse ciclo e trouxe o marido para ser ajudado nesse processo. “Consegui um tratamento psicológico e ele já melhorou o jeito de me tratar, minha vida já está bem melhor desde que iniciei esse caminho no ano passado. Aprendi que não devemos abaixar a cabeça para falta de respeito, machismo, autoritarismo, precisamos ser fortes, cultivar a autoestima e conseguirmos nos empoderar”, ressalta ela.

O prêmio é feito artesanalmente pela Maria Regina da rede Asplande de mulheres empreendedoras.

Dandara

Dandara foi uma guerreira negra do período colonial do Brasil, esposa de Zumbi dos Palmares, dominava técnicas da capoeira e teria lutado ao lado de homens e mulheres nas muitas batalhas consequentes a ataques a Palmares, estabelecido no século XVII na Serra da Barriga, região de Alagoas.

Não se sabe se Dandara nasceu no Brasil ou no continente africano, mas teria se juntado ainda menina ao grupo de negros que desafiaram o sistema colonial escravista por quase um século. Ela participava também da elaboração das estratégias de resistência do quilombo. Além de lutar, participava de atividades cotidianas em Palmares, como a caça e a agricultura.

Segundo relatos históricos, ela teria se jogado de uma pedreira ao abismo depois de presa pelas tropas do Estado, em 6 de fevereiro de 1694, para não retornar à condição de escrava.

Acaps Unicirco animando a galera!

Matéria escrita pela jornalista voluntária Maria Amélia Saad. Fotos da fotógrafa voluntária Mônica Góes.