Na última semana de outubro, duas equipes de voluntários da rede de hotéis Hilton, recrutados para o Global Month of Service Rio, se engajaram na reforma da sede do grupo de teatro Arteiros, que fica na Cidade de Deus, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A iniciativa começou através do Hands On Network, parceiro internacional do Atados, que recebeu a proposta para realizar a campanha da rede hoteleira. Eles tinham a vontade de trabalhar e a galera do Atados correu atrás do projeto mais bacana para receber a mão de obra. Teve pintura da fachada, manutenção de toda a parte elétrica do prédio, criação de um jardim, colagem artística de lambe-lambes e a instalação de um palco para que os jovens pudessem expor todo seu talento.
Apesar da chuva fina que fazia a tinta escorrer pela parede, e o chão escorregadio, ninguém desanimou. Os adolescentes, participantes do Arteiros, entre 12 e 17 anos se divertiam enquanto trabalhavam e foram, junto com os funcionários do Hilton, deixando tudo prontinho para apresentação que haveria mais tarde (Estreia do palco novo!). A rede elétrica já estava sendo preparada há uma semana pelo gerente geral de manutenção do Hilton Barra, Alexandre Magno, e recebeu os ajustes finais no dia do evento.
Julie Stephanie, de 16 anos, faz parte do Arteiros há oito meses e não escondeu a alegria por estar fazendo parte da reforma da sede do projeto. “Com certeza, se não fosse pela ajuda dos voluntários do Hilton iríamos demorar bem mais pra conseguir mudar o espaço. Mexeu muito comigo a disposição dessas pessoas em ajudar, todos vieram porque realmente queriam, dá para perceber o amor com que estão trabalhando e ajudando a gente a realizar esse sonho”, conta a estudante, sem disfarçar a emoção no olhar.
Ao todo, são vinte e cinco jovens beneficiados pela iniciativa. No Arteiros, eles participam de oficinas de teatro, aulas de idiomas e ioga. E, também, de grupos de discusão sobre diversos temas, como sexo, identidade de gênero, racismo e política, por exemplo. Um dos idealizadores do projeto, o cineasta Rodrigo Felha diz que a intenção não é formar artistas de cinema, mas, cidadãos melhores. “Nunca tivemos a pretensão de ser um grupo assistencialista, queremos tornar os jovens questionadores com consciência política e social”, afirma.
Em alguns minutos de conversa com a Julie, deu para perceber que o Arteiros cumpre bem o seu papel. A jovem contou que mudou, e muito, sua visão de mundo e depois de participar dos encontros se tornou bem mais tolerante. “Hoje debato sobre qualquer assunto, mas sem bater de frente, respeitando outras opiniões”, conta toda animada e suja de tinta da cabeça aos pés.
A maior dificuldade que eles tinham para tocar o projeto, que como ponto de cultura recebe apoio do Ministério da Cultura, era manutenção do espaço. Com a reforma em parceria com o Hotel Hilton, e a forcinha do Atados, a parte elétrica foi finalizada, interior e fachada receberam uma boa pintura. Também foi feito um jardim, deixando a entrada receptiva. Ah! E a nova arte grafitada com o nome do projeto deixa claro que ali dentro está cheio de artistas. Quem cuida da organização e limpeza são os próprios adolescentes, que enxergam o Arteiros como a segunda casa. “Eles mesmos se cobram sobre isso e dividem as tarefas, porque têm a consciência que esse espaço é deles e de uso coletivo”, conta Felha.
Texto da voluntária Débora Oliveira.
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