Neste Dia da Árvore, que tal agradecer a elas cuidando de suas casas: as praças e parques da cidade?


Hoje, dia 21 de setembro, é comemorado o Dia da Árvore. Para contar um pouco pra nós sobre atividades realizadas na data, convidamos o Renato Rocha, designer em Sustentabilidade, Permacultor Periférico e Educador Ambiental. Renato vem fazendo história na Periferia do Jardim São luís na Zona Sul da Cidade de São Paulo. Responsável por gerenciar o Primeiro Hub de Hub de Soluções Ambientais o Coletivo Dedoverde. Confira o que Renato tem para compartilhar com a nossa rede!


Por Renato Rocha, do Coletivo Dedoverde

Árvore – ser tecnológico que:

Faz sombra.

Faz oxigênio.

Faz falta.

No dia 21 de Setembro comemora-se o Dia da Árvore. Para mim é muito mais do que uma data comemorativa dentro do Calendário Ambiental; é a afirmação de uma ação simples, mas que renova uma memória afetiva que vivenciei com meu pai e agora estou passando essa experiência com meu filho.

Nasci em Santo Amaro no início do ano de 1979; sempre quando posso me apresento afirmando ter um Rio em minha vida. O Rio Pinheiros. Nos tempos coloniais, o rio Pinheiros foi chamado de Jurubatuba, que, em língua tupi, significa “lugar com muitas palmeiras jerivás”, pela junção dos termos jeri’wa (“jerivá”) e tyba (“ajuntamento”).

Para a grande maioria é um rio morto, mas me orgulho de assim dizê-lo e pergunto. Você tem um rio na sua vida? E um rio com nome de árvore?

O abastecimento de água é realizado pela Bacia Hidrográfica do Guarapiranga no Bioma Mata Atlântica.

Estes meus primeiros 40 anos tenho vivido no bairro periférico do Jardim São Luís na Zona Sul de São Paulo. As árvores sempre foram presentes em minha infância desde pequeno, o primeiro contato foi quando estudei na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Joaquim Manoel de Macedo em seu entorno tinha um mundaréu de árvores. Nos dias atuais resistem na EMEI poucas árvores de grande porte, mas afirmo com certeza que deve ser o único contato que muitas crianças tem com árvores.

Todos os antigos moradores do bairro tinham árvores plantadas em frente as suas casas. Era uma cultura ter árvore, não só para fazer sombra ou ser um ponto de referência, mas comumente um espaço de encontro aos finais da tarde ou aos finais de semana.

Minha relação com as árvores foi fortalecido quando meu saudoso Tio Joaquim plantou uma árvore na sua calçada e depois de firmada e esplendorosa nos deu um galho. Foi aí que em parceria com meu pai Severino quebramos o pavimento concretado da calçada utilizando ferramentas como picareta, marreta, ponteiro até chegarmos ao solo. Majestosamente um solo rico e com o auxílio da cavadeira abrimos o “berço” do que é hoje nossa maior riqueza. Esta árvore nos acompanha pelo menos uns 25 anos e é uma das poucas guerreiras da rua.

Aos poucos as árvores foram caindo, ou sendo cortadas por diversos motivos, um deles não compreendo que é o fato de cair as folhas das árvores. Mas é natural que em todas as estações do ano as árvores passem por transformações e nós não aprendemos a acompanhar estas mudanças.

Muitas árvores foram plantadas de forma errada, certamente não tínhamos naquela época experiência e informação para saber qual o tipo certo de árvore plantar. Hoje existe um manual de arborização pensado para o meio urbano.

Praticamente em toda a periferia é visível como os processos de urbanização não foram desenhados para as árvores serem parte integrante. Quando observo a rua que moro e somente temos 4 árvores plantadas; e aquela ação do meu tio, do meu pai de plantar árvores fez toda a diferença na formação do cidadão que sou. Me faz refletir nos dias atuais.

Estamos vivenciando um tempo de retrocesso em relação a Preservação do Meio Ambiente com a devastação das florestas que ocorre em todos os biomas; São Paulo é um exemplo que não deve ser seguido. Da nossa Mata Atlântica restam somente 7% e uma boa parte está localizado na região de Parelheiros; o Cerrado está sendo destruído com uma bio diversidade imensa de árvores frutíferas, e quando falamos do “pulmão do mundo” a Amazônia que é responsável pelo fenômeno conhecido por “rios voadores” que é a ação da evapotranspiração das árvores em um processo que a floresta devolve a água da chuva para a atmosfera na forma de vapor de água para cair novamente como chuva.

Está na hora de fazermos a revolução. Fazer justiça com as próprias mãos.

Vamos plantar árvores.

Dia 21 de Setembro precisa ser decretada a “Revolução da Chibanca” ou popularmente conhecida como “picareta”. Quebrar o concreto das calçadas, abrir um “berço” e não uma “cova” e plantar uma árvore. 

Se quiseres descobrir o sabor das frutas nativas da Mata Atlântica temos: Cambuci, Uvaia, Cereja do Rio Grande, Grumixama, Cabeludinha e Araçá. Escolha uma destas.

Aqui deixo o meu recado: “Plante uma árvore pra não ficar na sombra dos outros”.